20111028

O dedo furado salvou o cônjuge by LuisLabaki


No meio da noite, Nuno nunca passeara descalço:
uma vez um prego soltou espetou no dedão, que desinflou; no meio da noite, Nuno - descalço - recusou usar pantufas, pelo barulho que faziam e pela falsa proteção que o ofereciam; se o silêncio era essencial, Nuno podia ter parado ali mesmo na porta, visto que o batente e a maçaneta fizeram barulho durante a passagem, mas os pés e respirações e tudo mais demandavam muita atenção, e Nuno não percebeu nada;
o umbigo de Vera dormia (com sete dedos repousados sobre ele); mas logo tudo nela levantaria - não de barulho, mas de banheiro, que necessitava;
Nuno arregalou desta vez as bochechas em susto e consciência de que não tardaria para que despertassem as narinas de Vera; preparou-se em defesa, pois que Verase aproximava e de todas as maneiras sentia, bem, e Nuno seria visto chegando sorrateiro e que burrada! até que, fosse por sorte ou Intervenção, com precisão de deslize Vera cravou o dedo - não o dedão, o do meio, menor - num prego solto e se viu caída, ao que Nuno já de costas epreparando alguma réplica rapidamenteapertou o interruptor e reconhecendo o local do trauma iluminou tudo com ares salvadores e curativo reserva em mãos num átimo; merthiolate por sorte tinha forte odor que encobriu todos os outros, e quiça o dedo furado tenha salvado o cônjuge.

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