Um escritor menciona uma personagem secundária duas ou três vezes. Cinco páginas depois, quando eu já a tinha pronta na cabeça, ele resolve descrevê-la. Em detalhes. "Dedos longos", quem quer saber isso? Mais: o narrador a encontra em um escritório, troca meia dúzia de "palavras pequenas, funcionais" e já sai dizendo que ela "media um metro e setenta e pesava sessenta e dois quilos". Sério? Sessenta e dois? O cara tinha uma balança com ele e tirou as medidas entre uma palavra curta e outra funcional? Fora que... De que isso me adianta? Vou ter que achar alguém com essas medidas pra calcular quão magra a fulana (que eu já tinha toda imaginadinha) deveria ser?
Cuidado com essas coisas, pelamor.
20110729
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Rapaz, cuidado com essas coisas digo eu: estava lendo esse livro numa viagem, nesta semana mesmo.
ResponderExcluirQuando li a descrição em voz alta, Camila disse "Como ela é magrinha!".
Também tenho reticências em relação a esse tipo de descrição (mas essa moça se tornou mulher dele, não? ele sabe bem suas medidas), só que acho que faz sentido no livro do Paul Auster. Ele as descreve assim porque é o método dele (também seria o método do alter-ego-narrador-do-livro), porque todos os personagens pertencem plenamente ao domínio ficcional.
Sim, eu o perdoei depois, mas isso foi logo no começo e quando eu escrevi isso, estava no aeroporto às 6h da manhã, sem ter dormido na noite anterior.
ResponderExcluir(ou seja: não estava no melhor dos humores)
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